Porque tentam desconstruir Marina Silva?

A fundadora da Rede Sustentabilidade tem sido alvo de ataques por parte de setores tanto da extrema-esquerda quanto da extrema-direita. Uma vez que ela se encontra justamente no meio dos interesses do ex-presidente Lula e do deputado federal Jair Bolsonaro.

Marina Silva

SUMIÇO

A ex-senadora da República é muitas vezes acusada de estar "sumida", porém, puxando as datas das últimas entrevistas que ela deu em âmbito nacional desde o fim das eleições de 2014 temos:

- Entrevista para a GloboNews (11/11/2015): Política se faz conversando, diz Marina Silva a Roberto D’Avila
- Entrevista para a Globo (13/11/2015): Saída para crise passa por diálogo entre Lula e FHC, diz Marina Silva
- Entrevista para a ElPaís (02/12/2015): Marina Silva: O Brasil vive um momento dramático
- Entrevista para a Rádio Gaúcha (07/01/2016): Marina Silva: Melhor caminho para o Brasil é o processo que está no TSE
- Entrevista coletiva (17/01/2016): Marina Silva diz que presidencialismo no Brasil está no fundo do poço
- Entrevista para o Estado de São Paulo (22/03/2016): PMDB e PT são irmãos siameses na crise, diz Marina Silva
- Entrevista no programa da Miriam Leitão (24/03/2016): Marina Silva conversa com Miriam Leitão sobre a crise política
- Entrevista no Programa do Jô (28/03/2016): Marina Silva participa da estreia da última temporada do Programa do Jô
- Entrevista coletiva (18/04/2016): Marina Silva defende impeachment e diz que Temer é responsável por crise
- Entrevista para a revista Exame (27/05/2016): Eleição de 2014 foi fraudada, diz Marina Silva
- Entrevista no programa Roda Viva (20/06/2016): “Não queremos trocar seis por meia dúzia”, diz Marina sobre PMDB e PT
- Entrevista para o Estado de São Paulo (17/12/2016): A renúncia é sempre um ato pessoal, avalia Marina Silva
- Entrevista para a UOL (05/05/2017): Marina compara Doria a Dilma. Gerente na política deixou 14 milhões de desempregados.
- Participação na série de entrevistas "Diálogos que Conectam" nos EUA (12/05/2017): Caixa dois transformou eleição de 2014 em fraude, diz Marina Silva
- Entrevista para a Folha de São Paulo (17/05/2017): Marina diz que Temer sabotou a República e pede eleições diretas
- Entrevista para o Poder360: Líder da Rede vê ação orquestrada contra a Lava Jato
- Entrevista para a revista Exame (17/07/2016): Marina Silva: “É necessária a renovação política, sem negá-la”
- Entrevista para o Jornal do Commercio (22/07/2017): Marina Silva sobre Lula: "A Justiça se faz com um peso e uma medida"
- Entrevista para a BBC Brasil (18/10/2017): Marina Silva: "Nunca se juntaram por educação, saúde e segurança e agora se unem para salvar a própria pele"
- Entrevista coletiva (27/10/2017): Reeleição virou "desgraça" no Brasil, diz Marina Silva
- Participação no programa Mariana Godoy Entrevista (10/11/2017): Marina Silva é a convidada no especial Presidenciáveis no Mariana Godoy Entrevista 

É nítido o desespero frente à uma figura pública que não se envolveu em esquemas de corrupção. Marina Silva nunca esteve sumida do cenário nacional. Mesmo não ocupando mais cargo público, a ex-ministra acumulou 22 milhões de votos em 2014 e desde então esteve ativa nas rádios, na TV e principalmente nas redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram).

MARIDO DESMATADOR

Nas redes sociais é muito comum que as críticas voltadas para Marina Silva sejam pela acusação do então deputado federal Aldo Rebelo, em 2011, dizendo que o marido da ex-senadora, Fábio Vaz de Lima, seria um traficante de mogno.
Aldo explodiu: “Quem fraudou contrabando de madeira foi o marido de Marina Silva, defendido por mim, nesta Casa, quando eu era líder do governo. Quando líder do governo, evitei o depoimento do marido de dona Marina”. Ele se refere a uma denúncia feita em 2004, durante o primeiro governo Lula. Marina era ministra do Meio Ambiente. E Vaz (técnico agrícola, ongueiro e então secretário do já segundo governo Viana) passava pela chateação de ter sido acusado por irregularidades e corrupção no Ibama, órgão sob a coordenação de Marina.

Porém, o que muitos não sabem é que, após a acusação, Marina Silva foi pessoalmente ao Ministério Público Federal (MPF) para que o órgão investigasse o seu próprio marido. Depois da explosão de Aldo, Marina convocou uma entrevista coletiva pedindo que fossem investigadas “as acusações proferidas pelo deputado Aldo Rebelo e todas as demais acusações delas derivadas veiculadas na imprensa desde então”, relativas às “supostas irregularidades ocorridas durante sua gestão no Ministério do Meio Ambiente, entre janeiro de 2003 e maio de 2008, que teriam beneficiado seu marido, Fábio de Lima”.
O procurador-geral deu seu parecer dois anos depois em 23 de julho de 2013, momento em que Marina lutava pela aprovação legal da Rede Sustentabilidade. “Quanto às acusações feitas contra Fábio Vaz de Lima, não há um único elemento que confira foros de verossimilhança aos fatos mencionados pela imprensa. Determino o arquivamento dos autos”.

O relatório de Gurgel pode ser visto abaixo:



Documento assinado pelo procurador-geral Roberto Gurgel, arquivando o processo contra Fábio Vaz de Lima

APOIO AO SENADOR AÉCIO NEVES
Outro dos grandes ataques contra Marina vem do seu apoio no segundo turno das eleições de 2014 ao senador Aécio Neves, denunciado por corrupção e obstrução de Justiça neste ano. O que muitos que proferem esses ataques ignoram (por conveniência ou não) é a campanha de desconstrução que Dilma Roussef e toda a cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) fizeram em 2014 após Marina virar cabeça de chapa do PSB (por causa da morte de Eduardo Campos).
A acusaram de "inexperiente", "fundamentalista", "radical" e "ultraconservadora". Após isso, usaram os problemas de saúde de Marina (ela teve malária, hepatite e leishmaniose) para dizer que ela era "fraca" e "sem pulso". E por fim, usando a imagem física dela, uma avalanche de preconceito contra a ex-senadora se montou, satirizando-a com o Baby, personagem da série de TV "Família Dinossauro".

Diante de tamanha covardia, era quase lógico que se Marina escolhesse alguém para apoiar no segundo turno seria o senador Aécio Neves, e assim aconteceu.
Outro ponto que vale ressaltar é sobre as investigações contra o candidato tucano. Em 2014 não se tinham as informações que hoje se tem sobre o envolvimento de Aécio nos esquemas de corrupção, a "bomba" sobre o tucano explodiu somente em 2016 e teve grandes efeitos apenas neste ano.

Por fim, o último tópico que explica o apoio ao candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) é o comprometimento dele às causas ambientais. Tanto foi que ele incluiu cada ponto proposto por Marina em seu plano de governo. Ou seja, motivos para apoiar o Aécio em 2014 Marina teve aos montes e é falho culpar apenas a ex-ministra sendo que tanto Dilma quanto Aécio não eram boas opções para o país. Entre o ruim e o pior, pode-se dizer que Marina escolheu o ruim.

OPORTUNISMO
A última grande crítica que muito se lê contra a porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade é de que ela se aproveita de grandes momentos políticos ou sociais para se promover, mas essa acusação é a mais fácil de ser batida, basta vermos as datas das posições de Marina sobre alguns assuntos importantíssimos para o país.
Sobre a cassação da chapa Dilma-Temer, Marina se pronunciou desde janeiro de 2016 para que o Tribunal Superior Eleitoral de fato retirasse do poder a ex-presidente e seu vice, tanto insistiu que o seu partido, Rede Sustentabilidade, lançou em Brasília a campanha "Nem Dilma, nem Temer. Nova eleição é a solução". Logo após, legendas como o PT e o PSOL começaram também a clamar por eleições diretas.
Não foi diferente no caso de Aécio quando se tinha um material apontando a culpa do senador. Foi novamente a Rede que pediu a cassação do senador, mostrando que o partido não tem mais nenhum vínculo com o tucano e que o apoio em 2014 se deu justamente pelas condições apresentadas anteriormente.
Quando a justiça condenou o ex-presidente Lula em primeira instância por 9 anos, Marina disse que "ninguém está acima da lei" e deu seu apoio à todas as investigações contra os políticos, pois, segundo ela, o Brasil precisa "ser passado a limpo".

CONCLUSÃO
As campanhas de desconstrução contra Marina continuarão, independente da veracidade dos fatos, mas a esperança é a de que essas campanhas percam força a partir do momento que a polarização política no país perder a força. Nas pesquisas presidenciais, em todos os cenários sem o ex-presidente Lula (que pode ficar inelegível se a condenação for confirmada em segunda instância) é a ex-senadora que assume a liderança, chegando a 23% das intenções de voto. Também baseando-se nas pesquisas, em um eventual segundo turno sem Lula, Marina ganha de todos os seus adversários. Com Lula no segundo turno, somente Marina aparece com uma margem de votos que pode ameaçar o petista.

Enfim, o medo que se perpetua nas alas extremistas, tanto da esquerda quanto da direita, é a de que a terceira via propagada pela Marina rompa o tão sonhado segundo turno "Lula x Bolsonaro", porque é somente nesse cenário que a polarização ganha força, não dando a oportunidade para o debate de projetos, de ideias, mas sim a "queda de braço" entre os extremos que definitivamente já mostraram para a população que não dão certo.

Comentários

  1. O medo e o desespero da polarização causam essas atrocidades que vemos hoje no país. Para acabar com isso só com a Marina mesmo.

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  2. Parabens pela materia. Ela desmistifica as maiores mentiras proferidas pelo papagaios da internet. Aqueles que nao pesquisam e espalham as chamadas fake news. Tipico da velha politica.

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    1. Agora, poucas pessoas le-la-ão porque o povo tem preguiça ee ler

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  3. Marina Representa o equilíbrio que falta neste ambiente tão hostil e polarizado da política nacional. E isso causa medo nos projetos antagônicos de poder da esquerda e da direita. Bem por isso ambos os lados se utilizam de boatarias e mentiras para tentar desconstruir Marina Silva!

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  4. Não tem como desconstruir uma biografia tão verdadeira e forte quanto a da Marina!

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