Manuela d'Ávila: "Não é só viver em segurança, é viver sem todos os tipos de violência"

Entrevistada pela Folha de São Paulo, a pré candidata do PCdoB, Manuela d'Ávila respondeu a algumas perguntas relevantes sobre o cenário político nacional, como uma possível aliança com o PT, sobre o deputado Jair Bolsonaro, sobre o aborto, entre outros temas.

SOBRE A CANDIDATURA DA DEPUTADA
Folha - O PC do B nunca teve candidato a presidente no atual período democrático, é o 14º partido na Câmara, governa apenas um Estado e terá tempo mínimo na TV. Acha que tem chance de vencer?

Manuela - Acho que sim, sobretudo em um momento de crise política e econômica tão aguda, o que pode fazer com que as pessoas escolham nossa candidatura.
Temos dois grandes centros. O primeiro é a retomada do crescimento econômico. O outro é a ideia da unidade. Vivemos um período em que a ideia de viver em paz é algo tão importante quanto o controle da inflação foi no início da década de 1990.
Não é só viver em segurança, é viver sem todos os tipos de violência, com qualidade na escola. É ter trabalho.

SOBRE UMA POSSÍVEL ALIANÇA COM O PT
Folha - Descarta abandonar a sua candidatura para fazer uma aliança com o PT, como vice?


Manuela - Não descarto absolutamente nada, em nenhuma dimensão da minha vida. Aprendi que precisamos estar abertos às possibilidades. Isso significa que minha candidatura não é para valer? Não. Minha candidatura foi construída porque acreditamos que temos saídas para o Brasil.

ECONOMIA
Folha - Qual será a política econômica de um eventual governo do PC do B?

Manuela - Queremos discutir juros, câmbio, planos de obras públicas. O Brasil tem a tradição de baixos investimentos privados. Então o investimento público, o Estado como indutor da economia, é algo que historicamente ocorreu nos nossos melhores ciclos econômicos. Juros mais baixos, uma espécie de câmbio controlado. Achamos hoje que os juros e os câmbios não servem ao interesse do povo brasileiro.

ABORTO
Folha - A sra. defende alguma mudança na legislação do aborto, trataria de homofobia?

Manuela - Defendo que o aborto seja tratado como um problema de saúde pública, é a segunda causa de morte materna.
Sobre a homofobia, precisamos criminalizar aquilo que é crime. Mas não acredito que a mera criminalização resolva, precisamos implementar políticas públicas de transformação da cultura.

Folha - Mas haverá um embate com a bancada religiosa.

Manuela - Não acho. Existem representações que são mais radicalizadas do que a base. Acho que o povo evangélico, povo cristão, minha origem é cristã, é um povo que acredita no amor ao próximo.
É o povo que tem como ensinamento máximo a ideia de Cristo com Maria Madalena. Cristo é o homem que acolheu Maria Madalena, o que impediu que as pedras fossem jogadas.

SOBRE A CANDIDATURA DE JAIR BOLSONARO
Folha - Pretende ser a candidata antagonista a Jair Bolsonaro?

Manuela - Todos os candidatos com propostas democráticas para o Brasil e saídas para a crise são antagônicos às candidaturas que não apresentam saídas para a crise. Existem pessoas que tentam aglutinar sentimentos que precisamos superar nas eleições, sobretudo medo e ódio. Fomentar medo e ódio no povo brasileiro não resolverá os problemas que vivemos.
Acho que temos outras pautas para tratar no país diferentes das que ele sugere. Eu quero debater segurança pública de verdade. Com reflexões sobre o papel dos policiais, como eles podem ser valorizados, como podemos devolver a legitimidade das polícias para o povo mais pobre, como podemos combater o extermínio de jovens negros. E a gente não vai fazer isso repetindo jargão de internet, né?

A deputada estadual do Rio Grande do Sul pelo Partido Comunista do Brasil lançou sua pré candidatura no 14º Congresso Nacional do partido, que aconteceu nesse último fim de semana.
Manuela d'Ávila

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