Terceira via pode ganhar mais força na polarização Lula x Bolsonaro

Candidata nas duas últimas eleições, a porta-voz nacional do partido Rede Sustentabilidade, Marina Silva, é a presidenciável que acaba mais se beneficiando do desgaste que Lula e Bolsonaro causam um ao outro pela clara oposição ideológica e também pelo que gira em torno de ambos (investigações, condenações, etc). Marina oscila entre o segundo e terceiro lugar quando o ex-presidente Lula está no páreo, mas sem ele a briga fica mais aberta e é a ex-senadora quem assume o primeiro lugar das intenções de voto.

O desgaste do petista nas investigações as quais ele é acusado fazem a rejeição dele subir (chegando a 58% no Ipsos e em 42% no Datafolha). Vale lembrar que Lula é réu em 7 casos diferentes, já sendo condenado a 9 anos em primeira instância e aguardando o julgamento em segunda instância. Caso seja condenado, Lula ficará de fora da disputa pela presidência em 2018.
Já Bolsonaro tem um desgaste menor se for comparado a Lula. Réu no Supremo Tribunal Federal por incitação ao estupro, o parlamentar já acumula várias condenações, seja contra a deputada petista Maria do Rosário, em que ele claramente diz que "não a estupraria porque ela não merece", ou pelo caso em que o deputado afirmou que os quilombolas "não servem nem para reprodução". O defensor da ditadura militar acumula uma rejeição de 55% no Ipsos e de 33% no Datafolha.

Outro ponto que pode fazer a campanha de Bolsonaro e Lula desidratar é o julgamento que tramita no Tribunal Superior Eleitoral em que os dois estão sendo investigados de campanha antecipada. A legislação permite a propaganda eleitoral somente a partir de 15 de agosto do ano da eleição e prevê multa de R$ 5 mil a R$ 25 mil para quem violar a restrição. A Corte Eleitoral deve julgar ainda neste ano dois processos que envolvem a divulgação na internet de vídeos que fazem referência às candidaturas de Lula e Bolsonaro ao Planalto. Na terça feira (14) o ministro do TSE Luiz Fux anunciou o adiamento do julgamento de ambos os candidatos.

Tendo em vista que o petista e o ultradireitista tem uma rejeição acima da sua (Marina acumula 51% de rejeição no Ipsos e 26% no Datafolha), pode-se esperar que a ambientalista consiga melhorar sua colocação nas pesquisas a partir do momento que lançar sua pré-candidatura (ela já declarou em entrevista que seu posicionamento sairá antes do carnaval).
Quando pensamos em um cenário sem o ex-presidente Lula, quem se beneficia é a Marina pelo fato de que os eleitores da esquerda e da centro-esquerda enxergam nela uma possibilidade mais viável do que Ciro Gomes para não deixar outros candidatos mais liberais ganhem força (como o Dória, por exemplo).

Por fim, quando pensamos em uma disputa entre Marina e Bolsonaro, até o momento todas as pesquisas registram a vitória de Marina, seja pelo fato de que ela passa mais confiança por ter participado de outras duas eleições presidenciais, seja pela possibilidade dos segmentos progressistas a apoiarem ou também pelo enorme desgaste que o ex-militar causa a si mesmo. O fato é que não se pode descartar Marina Silva dos cenários de 2018, pois, mesmo que incerto, todos os cenários podem mudar a partir das atitudes dos candidatos-líderes das pesquisas. Marina Silva decidindo se vai concorrer ou não e as acusações que assombram Lula e Bolsonaro, tanto no STF quanto no TSE.

Lula, Marina e Bolsonaro

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