"Nunca o Brasil precisou tanto quebrar a polarização como agora", diz Marina

Em entrevista à El País nesta quinta-feira, a pré-candidata à Presidência da República comentou sobre as eleições passadas e sobre as perspectivas dela em relação às eleições deste ano.
Porta voz nacional da Rede Sustentabilidade, Marina Silva

Marina quer ser a pessoa que vai superar a polarização da sociedade, reunindo o melhor de cada partido para governar o país. Ela, a ambientalista que ajudou fundar a Rede Sustentabilidade, continua persistente. A exemplo do ex-presidente Lula, que concorreu três vezes até chegar ao Planalto na quarta.

A ex-senadora levanta a bandeira do diálogo republicano para mudar o rumo da cultura de um país que acumula rancor pelo futuro glorioso que parece nunca chegar. Veio de uma família pobre e numerosa, sabe também o que é furar o bloqueio do destino.
Sua história sensibiliza. A superação da pobreza, o aprendizado da leitura aos 16 anos, a militância pelo meio ambiente, a carreira política e a projeção internacional. Vamos fazer um debate em torno de propostas para que o eleitor analise a trajetória de vida de cada um, disse ao jornal.

Como já se acostumou com as críticas, não se importa de confundir seus caluniadores: defende pautas consideradas de esquerda para alguns, e de direita para outros.
Marina já declarou várias vezes que a ideia de esquerda e direita, adotada na Revolução Francesa, está muito desgastada e que é hora de unir os dois polos para o bem do país. “O Brasil não precisa de mais ódio, mais separação, mais violência. O Brasil precisa se unir em torno do que interessa”, afirmou.

 Marina provavelmente terá pouco tempo de propaganda e escassos recursos para campanha, mas está confiante. “O debate que precisamos fazer hoje é o de uma transformação que não se encerra na eleição”, diz.

Confira trechos da entrevista abaixo:

LIÇÕES DAS CAMPANHAS ANTERIORES
El PaísVocê esteve em 2010 e 2014 concorrendo à presidência em campanhas presidenciais marcantes, com votações expressivas. O que a pré-candidata Marina de 2018 aprendeu com a experiência dessas duas eleições?
MarinaAprendi que vale a pena a gente persistir na verdade e não vale a pena fazer de tudo para ganhar uma eleição. A forma como a gente ganha determina a forma como a gente governa. Se ganha mentindo, governa mentindo. Se ganhar roubando, governa roubando. Se ganhar com violência, governa com violência.
Vale a pena persistir em falar a verdade, em estabelecer o diálogo, em não ter postura de agressão, para não ganhar o poder a qualquer custo e a qualquer preço. Isso se confirmou nas duas eleições, principalmente em 2014, depois da catástrofe que aconteceu com nosso país, depois de uma campanha que fez tudo para ganhar a eleição.
Eu dizia que preferia ganhar ganhando. E se não fosse assim, perderia ganhando. Dilma e Temer ganharam perdendo, e quem perdeu mais foi o povo brasileiro. São 12 milhões de desempregados, índices de violência cada vez mais altos no Brasil inteiro, a segurança pública um caos. Só ver o que acontece no Ceará, no Tocantins, no Amazonas e no Rio de Janeiro, e em todas as unidades da federação.
Espero que hoje os brasileiros não se deixem levar pelas estruturas. Mas façam contraponto muito forte a elas.

COMUNIDADE LGBT E A LAICIDADE DO ESTADO
El País - Setores da sociedade temem seu nome por você ser evangélica. Como você pensa em falar com grupos, como o LGBT, e trabalhar o preconceito que existe pelo fato da sua religião ser pública?
Marina - Tem de tratar com tranquilidade porque as pessoas têm o direito de querer saber as opiniões, posições em relação àquele que vai se dirigir a todos os brasileiros.
El País - Existem riscos de retrocesso?
Marina - A resposta, você mesma já deu. Há um preconceito pelo fato de ser evangélica. As pessoas têm o mesmo cuidado em relação aos católicos? A outros credos?
Claro que determinadas situações que até vão na contramão nesse modo que foi a grande contribuição do mundo evangélico para a abertura do Estado – não esqueçamos que estamos fazendo 500 anos de reforma protestante. Quem estabeleceu e ajudou a separar Estado e Igreja para Estado laico, e trabalhou tanto para que não houvesse a educação apenas confessional.
El País - Sim, mas temos representantes no Congresso que trabalham por retrocessos de conquistas.
Marina - Não podemos trabalhar com rótulos. O fato de termos algumas pessoas com algum tipo de atitude com a qual eu não concordo não me dá o direito de generalizar para todas as pessoas que não têm fé. Então temos de tratar no mérito.
Defendo Estado laico, porém não é Estado ateu. Estado laico respeita os direitos dos cidadãos, seja ele que crê, que não crê, seja ele que é homem ou mulher, independente de orientação sexual. Estado é para atender as políticas públicas. E não imagino que depois de tanta luta para que tivéssemos um Estado laico iríamos reeditar a ideia de um Estado teocrático. A própria reforma protestante deu essa contribuição.
Eu tenho tranquilidade porque tenho a minha fé. Não preciso escondê-la. As pessoas têm de votar em mim sabendo quem eu sou. Não gosto de fazer prática de um discurso para cada público. Já disse que em cima de valores e princípios éticos duradouros podemos fazer alianças pontuais.
Eu não concordava com tudo que a Marta Suplicy defendia quando eu era do PT mas isso nunca me impediu de fazer suas campanhas. Eu não concordava com tudo com o [Fernando] Gabeira, e isso não me impediu de apoiar sua candidatura.
O direito de expressão não é só para os que creem mas para os que não creem. Então, vamos fazer o debate. Meu programa de 2010, 2014 sofreu muitos ataques e eu diria que foram injustos.
De longe fui a que mais apresentou propostas respeitosas com a comunidade LGBT, o que não significa que eu tenha de negar a minha fé e os valores nos quais acredito.

JULGAMENTO DE LULA E FORO PRIVILEGIADO
El País - Falando de Lula, uma edição da revista Época mostra que TRF-4 foi mais severo com ele do que em outros julgamentos similares, o que abre especulações. A sua leitura é que a Justiça foi feita?
Marina - Temos um processo longo de investigação, em que foi assegurado ampla defesa. E que ainda tem recursos cabíveis para revisão das penalidades aplicadas, de acordo com requerimentos legais. Não podemos ter atitude de rebelião contra a Justiça. Ou criaremos dois pesos e duas medidas.
O problema é que temos altos empresários e lideranças políticas sendo julgadas, e não temos o equivalente para os que estão escondidos no Executivo e no Legislativo dentro do foro privilegiado. É isso que está criando a anomalia.
Tem 200 deputados e senadores que deveriam ser igualmente investigados e punidos, mas não estão em função do foro privilegiado. Eles podem julgar seus próprios crimes. Temos pessoas que estão no Executivo sem investigações. Caso do presidente, se não tivesse foro, seria investigado pelo Supremo. Não fosse o toma lá dá cá, que garantiu o caso arquivado.
Temos de acabar com o foro para que todos aqueles que cometeram erros, assegurada a ampla defesa, sejam investigados e julgados.
Não acho que alguém por ser citado ou ser investigado já é culpado. Só digo que temos que respeitar o trâmite judicial e fazendo todos os esforços de que sejam decisões técnicas, investigações que levem a um veredito legal, ético, em todos os sentidos.

É PRECISO QUEBRAR A POLARIZAÇÃO
El País - Você coloca bastante ênfase no papel que a sociedade exerce e avanços que têm a chancela popular, como Todos pelo Educação, Ficha Limpa, etc. Mas essa mesma sociedade é suscetível a quem hoje inflama a cultura do medo, e que tem mais recursos do que você, como candidata.
Sua estratégia tem sido trabalhar a linha do bom senso, como em 2010 e 2014. Vai dar certo agora
Marina - A mesma estratégia de não apostar na polarização, na mentira e no medo vai permanecer. Até porque eu não posso acreditar que uma vitória baseada nessa prática política possa construir alguma coisa boa.
Nunca o Brasil precisou tanto quebrar a polarização como agora, nunca se precisou tanto criar condições para que as velhas estruturas sejam derrotadas. Do dinheiro, do marqueteiro. A violência que você cita acontece em dois níveis.
Num que aponta que se você não votar naquele projeto e naquele grupo você vai perder todos os direitos e conquistas que você já alcançou. Isso também é uma forma de violência. Porque é pensar política como dádiva, como favor. E pensar o cidadão como eterno devedor, que terá de pagar com o seu voto.O outro lado também é aquela política que infantiliza o eleitor. 'Fica aí que eu faço e aconteço por você, arrebento por você, falo e penso por você'.
Precisamos de um amadurecimento político, onde a sociedade tem seu papel, sua responsabilidade, e essa campanha será a da hora da verdade

AÉCIO NEVES E IMPEACHMENT DE DILMA
El País - Você já disse que hoje não apoiaria Aécio Neves, como o fez em 2014, com as informações que se dispõe dele. Você também sempre se disse favorável ao impeachment da ex-presidenta Dilma. 
Mas, de lá para cá nossa democracia sofreu abalos, houve queda na qualidade democrática. Isso não lhe faz rever sua posição sobre o impeachment também? Você não teme ser vítima de um processo similar num Congresso hoje?
Marina - Com relação ao Aécio, com as informações de hoje, não teria apoiado assim como acho que a maioria do povo brasileiro não teria votado nem nele nem na Dilma porque ambos participaram do mesmo assalto aos cofres públicos.
Em relação ao impeachment, houve um crime de responsabilidade e ele não pode ser secundado, foi em função dele que a presidente Dilma foi cassada. Já tivemos outro presidente cassado também, com o Fiat Elba do Collor.
Se as pessoas vão agir de forma oportunista em determinadas circunstâncias de fazer a cassação de um mandato sem ter nenhuma materialidade para fazê-lo, espero que não. Não acho que a mobilização da sociedade para cassar quem comete crimes contra a nossa Constituição diminua a democracia.
O que diminui a democracia é o que leva governantes a desrespeitarem as leis. É o que está sendo feito com a liberdade que conquistamos para assaltar a Petrobras, Caixa, etc. Isso diminui a democracia. A mobilização do povo é o que está salvando a democracia. As instituições que estão funcionando a duras penas também.

UMA ELEIÇÃO COM BASE EM PROPOSTAS
El País - Mas e agora, como fica?
Marina - O povo brasileiro é maior que a montanha de dinheiro, o tempo de TV e o marqueteiro. Acredito nisso e vou trabalhar por isso com tranquilidade. Não acho que para ganhar a eleição a gente tem que destruir as pessoas. Cada um tem o direito de se colocar.
E vamos fazer debate em torno de propostas para que o eleitor analise a trajetória de vida de cada um. O projeto que representamos, o que pensamos para manter as conquistas do passado e corrigir erros, resolver problemas graves que estão acontecendo, caso de segurança pública que leva a aumentar a violência e a situação de descontrole.
E o desemprego ceifou as esperanças de cada pessoa cuidar da sua família. Tem muito candidato que faz campanha olhando para o retrovisor. Sem deixar de olhar para trás, mas coisas ruins que podem ser pedra no caminho, olhar para o presente, resolver os problemas, e olhar para futuro, para um novo ciclo de prosperidade econômica, social, cultural, política e de valores.

ALIANÇAS PARA ALAVANCAR A CANDIDATURA
El País - Você tem pouco dinheiro para campanha e pouco tempo de televisão. Existe alternativa de aliança para que você possa ampliar seu tempo?
Marina - Tenho feito um esforço de dialogar com os diferentes partidos, numa atitude de respeito porque é um momento difícil e cada um coloca a possibilidade de ter candidatura própria.
Venho dialogando com os partidos com os quais caminhamos juntos em 2014. Mas com respeito, pois é eleição em dois turnos e aí partidos têm direito de encaminhar o que eles acham que é a sua contribuição genuína para o momento de primeiro turno.
Não se pode tratar a eleição de primeiro turno como se fosse a única. Não preciso ser inimiga do Ciro Gomes, do Joaquim Barbosa, se ele for candidato, de quem quer que seja o candidato que esteja dentro desses requerimentos.
Torço para que haja uma renovação na política. Vejo como promissora a iniciativa de segmentos da sociedade começarem a participar do processo político colocando candidaturas que não costumeiramente estavam nos cânones dos partidos.
Mas temos de ter um certo cuidado porque uma coisa é ir por um percurso. Deputado, senador, etc. Outra coisa é algo como a Dilma, que foi direto para a presidência da República. E outras experiências.
Temos de ir aprendendo. Mas eu saúdo a iniciativa de quem quer contribuir para melhorar e se dispõe como quadros novos.

REDE SUSTENTABILIDADE
El País - Ainda que não falemos em polarização, a Rede está mais a esquerda, não?
Marina - A Rede está à frente. Hoje essa coisa de esquerda e direita não diz muita coisa. A esquerda se junta com Maluf, com Sarney, Jader Barbalho, Amazonino, Renan...com Collor.
As pessoas têm complexo, as pessoas têm síndrome de rei Midas, que achava que tudo que tocava virava ouro. Tem gente que acha que tudo que toca está purificado. Temos de pensar em novas sínteses.
O socialismo humanista deu grandes contribuições. Chegamos aqui por contribuições do ideário da revolução francesa e avanços tecnológicos da revolução industrial. E hoje já estamos em outra fase. 
Será que vamos continuar nos situando dentro dos mesmos paradigmas? As coisas não são 100% cinza ou azul.
Temos de saber trabalhar com a complexidade da vida e do mundo. Não gosto dessa relativização. Se estiver com este grupo, você esta purificado. Se você esta com outro, demonizado. Essa dicotomia que leva a polarização nos levou agora para essa guerra com algum lado.
Podemos nos unir a favor do Brasil. Há pessoas valorosas em todos os partidos. As pessoas têm de se unir para combater alguém?

RENOVAÇÃO NO CONGRESSO
El País - Suas colocações, e a filosofia da Rede pegam um público jovem. Mas como um partido pequeno de poucos representantes pode concorrer com as bancadas de MDB ou PT?
Marina - Espero que haja grande renovação no Congresso e no Executivo, tanto nacional como na maioria dos Estados. E essa história de partido grande e partido pequeno... precisamos aprofundar melhor esse debate.
Olha a situação em que está o Brasil. Quem foi que levou o Brasil a essa situação? Os partidos grandes! As bancadas grandes. Logo, o tamanho do partido e da bancada não é sinônimo de bom governo, de boa gestão publica, ou de bom serviço prestado ao cidadão. Pelo contrário, passou a ser sinônimo, na maioria dos casos, de articulação criminosa para roubar a Petrobras, fundos de pensão, a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, Belo Monte
 Quando digo que a sociedade tem um papel, é porque eu acho que só ela pode criar um novo ciclo na política brasileira.

COMO GOVERNAR CONTRA A CULTURA DA CORRUPÇÃO
El País - Vamos imaginar que Marina Silva ganha a presidência. Apoia uma reforma da Previdência, trabalha o ajuste fiscal, e você vive um momento de popularidade baixa. E aí, o Congresso aproveita e não quer aprovar projetos importantes.
E negociam barganha: “aprovamos se você liberar tal emenda”. Como a presidenta Marina reagiria a uma chantagem do Congresso?
Marina - Primeiro que um presidente não deveria ceder jamais a uma chantagem. Numa República, um representante da sociedade, que é o Congresso, jamais deve chantagear.
Esse é o novo requerimento. Nós precisamos refundar a República. Não consigo imaginar um país que naturaliza a chantagem. Os que chantageiam e os que são chantageados. Os que corrompem e são corrompidos. Em que se naturaliza como única forma de governar esse tipo de prática.
Participo sem vale tudo para ganhar, pois se ganhar quero estar legitimada para fazer as mudanças que o Brasil tanto precisa. Tenho certeza que isso é totalmente possível.
Fui ministra do Meio Ambiente durante cinco anos e meio, aprovei projetos altamente relevantes para o resultados das políticas ambientais que hoje são reconhecidos e premiados no mundo inteiro, e nunca fiz qualquer tipo de barganha. Sempre foi na base do convencimento.
Quando aprovei a lei da Mata Atlântica, a lei de gestão de florestas públicas, a criação do serviço florestal brasileiro, que tinha o objetivo de se tornar a Embrapa das floresta (infelizmente foi parado com tudo), a criação do instituto Chico Mendes, e posso citar uma série de projetos relevantes também na base de convencimento.
E olha que eu não era a pessoa que tinha mais popularidade no Congresso.
El País - Por quê?
Marina - Porque eu sempre fui militante das causas ambientais, da educação, de direitos humanos, causa indígenas, mas graças a Deus consegui dialogar com diferentes partidos, e nunca na minha vida encontrei qualquer pessoa que me viesse fazer uma proposta antirrepublicana. Nunca. Não se pode baixar a guarda.
Quando você baixa a guarda dos procedimentos republicanos, acontece o que aconteceu no Brasil. A sociedade precisa de quem dialoga, de quem compõe. E não é errado compor governo, pode fazer isso sem ser no base no toma lá dá cá, mas no base do programa, dando crédito inclusive para aquela liderança política que está à frente da saúde, da educação, da segurança pública.
O problema é que as pessoas querem privatizar a popularidade. Eu não acredito no poder centralizado, acredito no poder diluído.
Se tenho um bom ministro na Educação, é com esse trabalho que ganhará nome, mesmo sendo de outro partido. Não tenho problema em partilhar crédito, porque política não se faz sozinho.
E os partidos políticos têm bons quadros, o setor privado também. A sociedade, a academia, os trabalhadores...eles estão no banco de reserva e quem entrou em campo entrou para fazer gol contra. 
Está na hora de botar em campo quem vai fazer gol a favor do Brasil e na rede, literalmente na Rede.

UM GOVERNO FORTE PARA MEDIAR INTERESSES
El País - Nós vimos o fortalecimento da bancada ruralista no Congresso, assim como a bancada da bala, e a chamada da bíblia, inclusive com vários falsos profetas. Como lidar com esses retrocessos em meio ambiente e diretos de mulheres e até o fim do estatuto do desarmamento proposto por este grupo?
Marina - Esse risco está posto, as pressões acontecem, no Governo da Dilma e do Temer. Eles cederam sobremaneira, porque a primeira coisa que negociam é a agenda ambiental, indígena, dos direitos humanos. Direitos que não deveriam ser negociados.
Um governo que tem credibilidade, legitimidade, ele terá que fazer a mediação entre os diferentes interesses. Não é errado ter interesse. O erro é quando o interesse de algum se sobrepõe de maneira ilegítima e espúria sobre o interesse dos demais.
Num governo democrático você dialoga com todos os segmentos. E paga o preço por assumir posição. Nesse presidencialismo de coalizão que nós temos, enquanto estava com figuras fortes, como Fernando Henrique – pode-se ter discordância —, ou Lula – pode-se ter discordância também – eles conseguiam liderar governos.
Tivemos problemas de compras de votos de reeleição (FHC), do mensalão, com Lula. Mas no caso de governos fracos, como é o caso de Dilma e Temer, então, a chantagem campeou porque esses governos não conseguiram outra linguagem que não a toma lá dá cá.
O governo legitimado pelo respaldo da sociedade tem de usar sua credibilidade para fazer o que é estratégico pelo país.

UM NOVO JEITO DE SE GOVERNAR
Marina - “Nós não podemos criar uma lógica de que isso [um Governo] só funciona com um grupo. Pois isso acaba com a democracia. Temos de combinar as duas coisas”, diz ela.
El País - De que forma se combinam as duas coisas?
Marina - Institucionalizar as conquistas, transformar as conquistas em direito, em leis que possam ser cumpridas independente dos partidos, do governo ou dos lideres.
No Brasil e na América Latina e nas democracias ainda não amadurecidas as pessoas fulanizam, partidarizam as conquistas para ganhar dividendos com aquilo que é de todos. E trabalham com a cultura do medo, da violência, fazem as pessoas trocarem as suas liberdades para fazê-las mudar de opinião, fazer sua escolhas por segurança. Se eu não votar eternamente nesse, vou perder meu emprego, meus estudos? Meu programa de transferência de renda? Isso não é cidadania.
Não acredito em políticos que tratam direitos como se fossem favores. Temos de amadurecer nossa democracia. Por isso pago um preço, falo claramente o que penso.
Vejo políticos que fazem a política de camaleão. Fala de acordo com o público. A estratégia é enganar o eleitor.
Em cima de princípios e valores duradouros podemos fazer alianças pontuais.

A entrevista completa você confere aqui.

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