Folha mente: Marina não anda sumida, pelo contrário, tem grandes chances de vencer

O editorial  da Folha de São Paulo do último sábado (10) foi de total desrespeito à presidenciável da Rede Sustentabilidade tendo em vista a sua relevância pública, promovendo a alienação do público por não trazer nenhum tipo de dados que comprovem as falsas afirmações lançadas pelo jornal.


Trecho do editorial:
"Muitos fatores, sem dúvida, explicam esse quadro inauspicioso. Sem ocupar nenhum cargo eletivo, Marina Silva perde uma tribuna para manifestar-se. Enfrentou, ademais, seguidas dificuldades para organizar um partido próprio.
Sua aposta numa nova forma de arregimentação política —voltada, até mesmo na coleta de fundos, para o eleitor familiarizado com as redes sociais— tem conhecido resultados frustrantes.
A aura de compromisso ideológico parece perder-se, assim, em oportunismo. Tanto no que se refere ao recurso, que foi inevitável em termos pragmáticos, de filiar-se a partidos diferentes em 2010 e 2014, quanto na visível dissolução dos aspectos mais marcantes de seu discurso em favor de uma agenda econômica liberal."
Clique aqui para ler o editorial na íntegra.

Primeiramente, a questão da perda de uma "tribuna" para a Marina manifestar-se. De certo modo talvez esteja correta essa afirmação, visto que Marina não tem cargo público desde 2011, porém, em tempos de grande acesso à internet, é nítido que as redes sociais substituíram grande parte da relevância que a TV e até mesmo o Congresso podem dar a alguém. E as redes sociais da Marina (Facebook, Twitter e Instagram) estiveram muito movimentadas com os posicionamentos dela, mantendo sempre a originalidade da ex-senadora.
A presidenciável se posicionou nas redes sobre temas bastante relevantes para o país desde acontecimentos passados como os mais atuais. Ela se manifestou sobre o impeachment da ex-presidente Dilma, sobre as reformas do governo Temer, sobre o crime ambiental de Mariana e, recentemente, sobre a intervenção federal no estado do Rio de Janeiro e também sobre o vazamento da barragem de rejeitos de bauxita, da mineradora Hydro, em Barcarena, no Pará.

Sobre as dificuldades de organizar a Rede, podemos dizer que a própria justiça eleitoral e os atuais congressistas do país contribuíram para isso, pois o TSE foi o órgão que rejeitou a criação do partido em 2013. Com isso houve um atraso no projeto de criação da Rede, que foi finalmente aceita pelo TSE em 2015. Depois, em 2017, foi aprovada uma série de medidas da dita "reforma política" que dificultaram mais ainda a existência do partido, entre elas podemos destacar:
1) A cláusula de barreira - Para que um partido garanta acesso ao fundo e ao horário gratuito de rádio e TV, ele terá que obter 1,5% dos votos válidos a deputado federal, distribuídos em pelo menos um terço dos Estados. Em 2030, a cláusula chegará a 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço dos Estados, com um mínimo de 2% em cada um deles.
A medida visa acabar com os partidos nanicos.
2) Fundo partidário bilionário - Partidos terão direito à 1,7 bilhão de reais para as próximas eleições.
Além desse fundo eleitoral, criado agora, continua vigorando o fundo partidário, que terá um orçamento de cerca de 1 bilhão de reais para o ano que vem. A Rede é o 24º colocado entre os 34 partidos listados como beneficiários de recursos que serão disponibilizados pelo fundo eleitoral e o fundo partidário para a campanha de 2018.

O autor ainda esquece de apontar dados que justifiquem a sua afirmação de que: "Sua aposta numa nova forma de arregimentação política —voltada, até mesmo na coleta de fundos, para o eleitor familiarizado com as redes sociais— tem conhecido resultados frustrantes". Ora, se ele tem os tais resultados para justificar a frustração da Marina, por quê não os colocou no artigo? Será mesmo que esses dados existem?

Outra parte que me assusta pela falta de informação do jornal é essa: "A aura de compromisso ideológico parece perder-se, assim, em oportunismo. Tanto no que se refere ao recurso, que foi inevitável em termos pragmáticos, de filiar-se a partidos diferentes em 2010 e 2014". O jornalista dá a entender que se posiciona, porém que tem um histórico de troca de partido ou então não tem muitos recursos financeiros é oportunista. Onde está a lógica dessa afirmação?
Em 2010 a ex-ministra concorreu à presidência pela primeira vez pelo PV e terminou as eleições em terceiro lugar, obtendo um pouco mais de 19 milhões de votos. 3 anos depois ela entrou com o projeto de criação do seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade, porém, como já foi descrito aqui, não houve a aceitação do TSE. Por causa disso a ex-senadora aceitou ser vice de Eduardo Campos em 2014. Ela iria concorrer pela Rede, porém, com tudo o que aconteceu, recebeu o convite do PSB para ingressar na chapa com Eduardo, sendo a vice dele. Marina só concorreu realmente em 2014 pelo fatídico acidente do avião em que Campos estava e recebeu cerca de 22 milhões de votos.

A monstruosidade e covardia do editorial termina dizendo: "quanto na visível dissolução dos aspectos mais marcantes de seu discurso em favor de uma agenda econômica liberal". Os discursos marcantes da Marina sempre foram em favor do combate à corrupção, a reforma política, o modelo de desenvolvimento sustentável e a valorização da educação pública e da saúde pública. Quais destes temas por acaso foram "dissolvidos" em favor de uma suposta agenda econômica liberal (um erro afirmar isso, pois Marina acredita que o Estado tem um papel importante na construção da nossa sociedade)? A pré-candidata deixou de defender a Lava-Jato, as 10 Medidas Contra a Corrupção, o meio ambiente, a demarcação das terras indígenas? Por acaso não foi ela que sempre discursou à favor de mais investimento na saúde e na educação, enquanto os demais candidatos se preocupam em montar uma estrutura de poder para essas eleições?


Um levantamento de todas as entrevistas e cumprimento de agendas feitas pela presidenciável desde o final de 2014 mostra que Marina teve uma movimentação de 175 cumprimentos de agenda (veja aqui os links), indo desde entrevistas aos jornais do país, quanto ao recebimento de prêmios internacionais, palestras em outros países, artigos escritos por ela e também convites para participar de eventos mundiais, como, por exemplo, o Pacto Mundial pelo Meio Ambiente, onde a ex-ministra (dada a sua relevância mundial sobre o tema) foi convidada a participar pelo presidente da França, Emmanuel Macron. Ou seja, esta insensatez de dizer que Marina está "sumida" não é nada mais, nada menos, do que uma forma barata e suja de querer manchar a imagem da ex-senadora.

A porta-voz da Rede Sustentabilidade ainda mostra sua total condição de disputar as eleições pela junção de alguns fatos:
1) Ela não tem cargo público há muito tempo.
2) Houve um ofuscamento de suas falas pela enorme quantidade de casos de corrupção, envolvendo vários partidos que atualmente estão lançando candidatos (como é o caso do PT, PSDB e DEM).
3) O partido dela não tem grandes estruturas.
4) Porém, com todas essas dificuldades, ela aparece em todas as pesquisas ocupando ou o terceiro, ou o segundo ou o primeiro lugar.
5) O brasileiro confia na presidenciável por ela não ter se envolvido em nenhum momento de sua vida em casos espúrios.

Por fim, quase oito anos depois das eleições de 2010, e quatro anos após as de 2014, vemos uma Marina continuando completamente ética e ficha-limpa, debatendo cada vez mais com a sociedade brasileira e mundial as suas propostas. Talvez ela esteja mais madura, mais persistente, porém é inegável que a mesma vem defendendo incessantemente a inauguração e a prática da nova política no Brasil.
As acusações provavelmente irão aumentar, pois é assim que o preconceito age. Preconceito este que vimos em ambas as eleições que Marina Silva participou. Zombam do seu físico, zombam da sua voz, zombam por ser mulher, zombam por sonhar com um país verdadeiramente livre, pois as amarras da corrupção continuam escravizando.
Escravizando o professor por não dar valorização e salário digno e correspondente ao seu trabalho, escravizando os jovens que não tem acesso à educação e estão propensos a entrar na criminalidade, escravizando a mulher por não não combater a cultura do machismo, escravizando os mais pobres que morrem diariamente pela incompetência do atual governo de promover a justiça social (que, novamente lembrando, fez parte das quase duas décadas do governo petista).
Mas a luta de Marina é a luta do povo brasileiro e, se o Brasil se juntar à essa causa, não tem jornal, não tem mentira e não tem candidato que interrompa este sonho de se tornar realidade.

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